“Qualquer outro sintoma associado a dores na coluna merece investigação imediata”
Dr Marcelo Valadares

As dores na coluna são uma das principais razões de consulta médica em todo o mundo, assim como causa frequente de faltas ao trabalho, tornando-se um dos principais problemas de saúde da atualidade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor lombar, por exemplo, que é manifestada na parte inferior da coluna vertebral, afeta até 80% das pessoas em algum momento de suas vidas. A OMS destaca que a dor nas costas tem um impacto econômico significativo nos indivíduos e na sociedade.

A coluna vertebral é complexa, o que também explica as inúmeras causas de dor na coluna. Ela é formada por músculos, ligamentos, cápsulas, tendões e discos, além de ser constituída de ossos, ou seja, de 33 vértebras intercaladas por discos intervertebrais. Esse conjunto de vértebras é dividido em quatro regiões: cervical (pescoço), torácica (parte superior do tronco), lombar (região da cintura) e sacro (região do quadril).

Principais causas de dor na coluna

1. Lesões musculares

É o caso de contraturas e estiramentos que podem ser causados por um movimento súbito e desajeitado ou por carregar grande peso e de forma incorreta.

2. Osteoartrose

Neste caso, ocorrem desgastes e inflamações articulares como das facetas lombares e cervicais ou da articulação sacro-ilíaca.

As articulações conectam os ossos e sua inflamação, que frequentemente está ligada ao envelhecimento natural da articulação (a artrose), pode levar à dor constante e intensa.

3. Protrusões, fissuras discais e hérnias de disco

Os discos são como minúsculos colchões entre as vértebras que absorvem impacto. Considerando que eles são flexíveis, contribuem para a mobilidade da coluna.

Lesões dos discos podem fazer com que o conteúdo macio de seu interior possa extravasar e comprimir nervos ou mesmo a medula. Menos frequentemente, os discos podem ser locais de inflamações por desgaste.

Alterações do disco são extremamente frequentes e aumentam com a idade, mas é importante ressaltar que a maioria delas não tem qualquer relação com dor.

4. Osteoporose

A osteoporose é uma doença marcada pelo enfraquecimento dos ossos que pode levar a fraturas mesmo sem traumas, causando dores intensas e incapacitantes.

Condições associadas

  • Idade: embora adolescentes e até mesmo crianças possam ter dor na coluna, ela é mais frequente a partir dos 30 ou 40 anos de idade.
  • Sedentarismo: músculos fracos, pouco preparados nas costas e no abdome fazem com que o peso do corpo se concentre em ossos e articulações, levando a mudanças na postura. Ambos são causas de dor na coluna.
  • Excesso de peso: pessoas muito obesas têm maior incidência de dor na coluna, além de quadris e joelhos.
  • Doenças: alguns tipos de artrites e tumores podem causar dores na coluna.
  • Condições psicológicas: pessoas muito ansiosas parecem ter maior incidência de dor nas costas.
  • Tabagismo: o cigarro aumenta o risco de osteoporose, pois reduz a circulação na coluna e em todo o organismo, favorecendo a inflamação e desgaste de articulações.

Quando procurar um médico

Qualquer dor moderada ou grave ou ainda dores não tão intensas, mas que não desaparecem em definitivo após alguns dias ou após o uso de uma medicação, recomenda-se à procura de atendimento médico.

Além disso, qualquer outro sintoma associado a dores na coluna merece investigação imediata.

Sinais de alerta associados à dor na coluna

  • Alterações persistentes de sensibilidade
  • Diminuição de força
  • Dores que irradiam constantemente
  • Alterações na capacidade de controlar a urina ou a evacuação
  • Febre
  • Perda de peso

Quando a cirurgia é indicada

Cabe ao médico compreender em que momento da doença o paciente está e qual é o melhor tratamento disponível para ele.

Existem diversos tipos de cirurgias que podem ser feitas para problemas na coluna, desde procedimentos muito pequenos até grandes reconstruções. Todos têm resultados muito bons desde que bem indicados e realizados por um profissional treinado.

Duas situações indicam tratamento cirúrgico. A primeira é imediatamente e sempre que o médico diagnosticar uma situação grave em que a intervenção imediata é capaz de prevenir uma lesão permanente. Isso pode acontecer em fraturas ou em hérnias de disco que estão causando perda de força por compressão de um nervo ou medula. A cirurgia visa corrigir o problema e prevenir complicações.

A segunda situação é quando os sintomas não desaparecem com medicações e reabilitação ou quando a dor é insuportável e não pode ser controlada adequadamente com remédios.

Um neurocirurgião pode recomendar tanto cirurgias tradicionais de coluna quanto procedimentos menos invasivos. Neste último caso, a cirurgia endoscópica da coluna vertebral, por exemplo, tem o benefício de uma recuperação mais rápida e menos dolorosa no pós-operatório.

A terapia de estimulação medular também é um excelente tratamento para a dor crônica, desde que muito bem indicada.

Referências: